sexta-feira, 11 de março de 2011

Sob a benção da imortalidade

  O que era pra ser apenas uma final de turno de um campeonato estadual, tornou-se um jogo memorável, fantástico, cheio de polêmica. Teve todas as qualidades que uma final precisa. O jogo em questão é Grêmio x Caxias. Decisão da Taça Piratini, primeiro turno do Gauchão.
  A partida foi disputada no Estádio Olímpico, em uma quarta-feira de cinzas e tudo desenhava-se para uma noite trágica para o clube da casa. O Imortal Tricolor saiu mal escalado pelo técnico Renato Portaluppi, com uma formação diferente da que se acostumou a jogar durante o ano passado e o inicío deste ano. O clube começou o jogo aparentemente assustado com tamanha desenvoltura que tinha o Caxias, mesmo sendo visitante e logo nos primeiros minutos correu o risco, em 3 lances, de tomar o gol. Renato irritou-se e mandou todos os reservas aquecerem, ia mudar o time, sentia que se continuasse daquela forma não sairia com a taça. Mas antes que pudesse tomar alguma medida o Caxias confirmava a superioridade dentro de campo e marcou o primeiro gol do jogo,diga-se de passagem um golaço, assinado pelo capitão Itaqui. A partida recomeçou e notava-se nas arquibancadas a cara de surpresa em cada torcedor, o que era pra ser festa estava ficando com cara de enterro. Bruno Collaço entrou na equipe, ainda no primeiro tempo, com a função de reestabelecer o sistema de jogo com dois laterais esquerdos. A equipe da capital melhorou, criou mais chances, mas o goleiro André Sangalli mostrava que a equipe Grená não estava de brincadeira. E a situação ficou ainda pior para a equipe mandante no primeiro tempo, Gerley fez boa tabela com Everton e acertou o gol, o Caxias calava o Estádio Olímpico mais uma vez, 2x0 no placar. Tudo encaminhava-se para um primeiro tempo trágico, porém em um belo chute de William Magrão o Grêmio ainda via uma esperança para a segunda etapa. Sob vaias e aplausos o time saiu de campo, sabendo que não poderia repetir a atuação pífia que teve durante os primeiros 45 minutos.
  O técnico Lisca, do Caxias, saiu com sentimento de dever cumprido e foi para o vestiário apenas passar algumas informações e mostrar que a equipe estava muito perto de conquistar um título e uma vaga na Copa do Brasil de 2012. Já Renato foi para o vestiário tendo que quebrar a cabeça para voltar com uma equipe com vontade e ânimo de buscar o resultado favorável.
  As equipes retornaram ao campo e o juiz Márcio Chagas da Silva deu início ao segundo tempo. As duas equipes voltaram com a mesma formação, porém com objetivos totalmente diferentes. Enquanto o Grêmio atacava a todo instante o Caxias partia em ótimos contra ataques que sempre lhes rendiam aplausos do técnico Lisca. O tempo ia passando e cada vez mais oportunidades a equipe da capital perdia, a partida ficava cada vez mais nervosa. Os jogadores gremistas demonstravam claramente o nervosismo, enquanto os caxienses faziam muita enrolação na reposição da bola e principalmente nas substituições. Sempre que era levantada a placa com o número do jogador ele caía e pedia atendimento médico. Em consequência do anti-jogo o goleiro André Sangalli levou cartão amarelo e poderia ter sido expulso. Já passados 43 minutos de partida o quarto árbitro levanta a placa com o tempo de acréscimos: 6 minutos de reposição foram dados pelo juiz do jogo. Fato que deixou todos os caxienses irritados, pois já faziam festa no reservado. Foi neste instante que a equipe do Grêmio buscou forças e inspirações no seu codinome. Foi atrás da imortalidade para poder deixar gravado na história mais uma batalha memorável. Aos 50 minutos do segundo tempo, Rafael Marques, zagueiro gremista, quase dentro do gol, marcou para o Grêmio. O estádio veio abaixo. Era o Imortal Tricolor aplicando mais uma surpresa à todos. A partida foi para os pênaltis. Agora era matar ou morrer. E quem levou a melhor foi o Grêmio. Victor pegou 2 pênaltis e todos batedores converteram. O Grêmio conquistava um título suado, na raça, na superação, NA IMORTALIDADE.
  Venceu quem renasceu das cinzas em plena quarta-feira de cinzas. O oficial nome da equipe é Grêmio Foot-Ball Porto Alegrense, mas bem que poderia achar um espaço para o imortal. Seria uma apresentação ao estilo James Bond. Meu nome é Imortal, Grêmio Imortal.


NÃO DEIXE DE LER: Chulé do Frederico


            
 
                                     "O jogo só acaba quando termina"
                                                     Galvão Bueno